O Centro de Estudo
Pesquisa e Extensão Aldeia Juvenil – CEPAJ, está vinculado ao Instituto Dom
Fernando – IDF, e pertence à Pró Reitoria de Extensão da PUC GO. Trata-se de
uma unidade extensionista como parte do processo acadêmico, que compreende dois
aspectos fundamentais do Projeto Pedagógico da Universidade: qualidade
acadêmico-científica (com envolvimento de departamentos, docentes e discentes)
e compromisso social (diálogo com a sociedade). Nesta proposta, relaciona os
grandes temas sociopolíticos com o aprendizado acadêmico que vise a excelência
da práxis na atuação com a sociedade.
A
ideia do Projeto Aldeia Juvenil, surgiu ainda em 1981 com uma
pesquisa-laboratório, dentro da disciplina de Psicologia do Desenvolvimento
III, no Departamento de Psicologia, sob a orientação do Prof. Dr.
Rodolfo Petrelli, que investigava o comportamento da juventude de Goiânia,
com relação ao uso de tóxico (in Projeto de Criação de uma
Aldeia Juvenil – Chácara da UCG, abril de 1983, p. 11). Para tanto a Aldeia
Juvenil vislumbrava ser:
“um espaço nativo
topograficamente repropondo os espaços organizados milenarmente pelas
comunidades indígenas Xavantes, com a capacidade final de alojamento para (200)
indivíduos entre menores e os membros da equipe educativa (Núcleo Acolhedor
Básico e Instrutores e Coordenadores)...este amplo espaço nativo proporciona
uma grande mobilidade para o corpo como também convida a reconstruir os laços
com a natureza e os eventos da terra, fator importantíssimo de regeneração
física e espiritual...desta maneira a Aldeia Juvenil vem confrontar o atual
ritualismo alienígena – o tecnicismo – o psicologismo e a psiquiatrização da
experiência juvenil...a Aldeia Juvenil será um espaço reeducativo, auto-gerido
pelos próprios jovens ali hospedados. (Projeto Aldeia Juvenil, 1983,
p.15-17) ”
Portanto a Aldeia Juvenil tinha como objetivo
ser um espaço-laboratório de estágio pertinente a problemas da juventude (10 a
25 anos, critério utilizado na época pela pesquisa), com atividades de extensão
interdepartamental e pesquisa, com novas opções alternativas de psicoterapia e
convivência comunitária, a serem desenvolvidas no processo de adaptação humana
na região Centro-Oeste, tanto pelas comunidades indígenas, como pela não-índia,
cabocla e urbanizada (Projeto Aldeia Juvenil, 1983, p.8).
O CEPAJ foi concebido em 02 de maio de
1982, sendo que sua primeira instalação física ocorreu em março de 1983, na
Chácara São José (atualmente Campus II da PUC GO) que teve na sua primeira
concepção arquitetônica, ocas indígenas da tribo xavante. Atualmente seu
funcionamento ocorre no Campus II da Pontifícia Universidade Católica de Goiás,
situada a Av. Bela Vista, Km 2, s/nº, Jardim Olímpico, CEP 74860-210 – Goiânia
– GO.
Conforme projeto original o objetivo de
implantação da Aldeia Juvenil, foi:
“Implantar, como resultado de pesquisa
científica, uma comunidade juvenil (para ambos os sexos) com finalidades
educativa-reeducativa e auto gerida pelos próprios hóspedes: comunidade
terapêutica de jovens para jovens.” (Projeto Aldeia Juvenil, 1983)
As edificações foram programadas para
se constituírem de 24 malocas no estilo xavante, dispostas em forma de
“ferradura”, com 9 metros de diâmetro cada casa, com estrutura de madeira
nativa e a cobertura de folhas de palmeira indaiá (Projeto Aldeia Juvenil,
1983). Previstas da seguinte forma: 10 malocas hospedaria para moças, 10
malocas hospedaria para rapazes, 04 malocas hospedaria para casais, visitantes
e coordenadores e 05 malocas de reuniões sociais, trabalho artesanal,
enfermaria e escola. Tais como no desenho abaixo (Projeto Aldeia Juvenil 1984):
No entanto, foram construídas 7 malocas
e estas sobreviveram por 4 anos (1983-1987). Neste projeto original constituiu-se
uma equipe de elaboração do projeto, sendo estes: Prof. Rodolfo Petrelli
(Psicólogo e Filósofo), Prof. Vanderlei Pereira de Castro (Psicólogo) e Prof.
Mario Arruda (Filosofo, Teólogo e Indigenista). Dentre os colaboradores e
responsáveis técnicos, destacamos o índio da tribo Xavante, Sr. Paulo Cipassé
Xavante.
Destacamos que no primeiro ano de
existência estrutural entre 1983 e 1984, a coordenação da Aldeia Juvenil se
organizou de forma colegiada, sendo a clientela encaminhada do COOJ pelo Prof.
Dr. Rodolfo Petrelli (também diretor do COOJ na época) estagiários
(selecionados pelos coordenadores) professores (coordenadores) advindos da
universidade e contratados.
A ideia de imersão total no projeto e
de auto-gestão era amplamente defendida pelo Prof. Vanderlei. Destacamos que a
equipe de professores e instrutores, alunos e clientela, em aproximadamente um
ano viveram intensamente o projeto Aldeia Juvenil. Pois para além das
atividades e cargas horárias destinadas ao projeto, tal grupo inovou ao residir
na Aldeia como parte da metodologia aplicada. Ou seja, integrantes da equipe se
alojavam nas malocas da Aldeia Juvenil, juntamente com 9 jovens tutelados pela
Universidade e advindos do COOJ/FEBEM-GO/FUNABEM.
“É difícil prever todas as
consequências do nosso projeto, ao mesmo tempo sentimos que ele tem condições
de servir como modelo para outras iniciativas. É um projeto novo por isso os
primeiros passos são mais difíceis...” (Relatórios do Projeto Aldeia Juvenil –
março 83 a março 84 – Relatório de atividades período 03-06/83, Vanderlei
Pereira, jun. 1983).
No relatório supracitado o Prof.
Vanderlei descreve as atividades conquistadas, limitações das metodologias
aplicadas e as limitações financeiras e humanas. Também no documento
intitulado: “Depoimento de Rodolfo Petrelli” (setembro de 1984), o Prof.
Rodolfo relata a respeito da idéia original e dos percalços em desenvolver a
Aldeia Juvenil como um espaço de valores juvenis. Então
ao avaliar o projeto o Professor Rodolfo Petrelli relata:
“... a meu ver como todo
déficit, toda carência, determinados objetivos foram conseguidos, mesmo a nível
de estruturas. O que se desfaz dentro da imagem de um marginalizado, pelo menos
a nível de direito eu sou como você, quer dizer a esta estigma interior foi
superado. A gente vê a Aldeia como possível ainda se voltasse a antiga ideia de
um espaço em que os jovens ocupam, onde até cronologicamente outros jovens
poderiam liderar tudo isso, não a figura adulta, institucionalizado,
autoritário. Pode-se pensar um espaço com instalações esportivas,
infraestruturas culturais... com uma estrutura que reflete um pouco o bairro
popular” (in Depoimento de Rodolfo Petrelli, set. 1984).
1983 |
2012 |
PROPOSTA DA ALDEIA JUVENIL
O
CEPAJ é um centro de estudo, pesquisa e extensão, está vinculado ao Instituto
Dom Fernando – IDF, e pertencente à Pró Reitoria de Extensão da PUC GO.
Trata-se de uma unidade extensionista como parte do processo acadêmico, que
compreende dois aspectos fundamentais do Projeto Pedagógico da Universidade:
qualidade acadêmico-científica (com envolvimento de departamentos, docentes e
discentes) e compromisso social (diálogo com a sociedade). Nesta proposta,
relaciona os grandes temas sociopolíticos com o aprendizado acadêmico, que vise
a excelência da práxis na atuação com a sociedade.
A proposta metodológica do CEPAJ, caracteriza-se da
seguinte forma:
- Ser um espaço em que a comunidade local o reconheça como um equipamento importante na articulação e inserção social comunitária;
- Ser um espaço de referência para a reflexão, discussão e aplicação de metodologias que reduzam o impacto da vulnerabilidade social na temática infanto-juvenil e família;
- Desenvolver metodologias de atendimento que atendam as demandas sociais e de políticas públicas;
- Atuar sempre em parceria com o poder público na busca da promoção social e garantia de direitos;
- Promover o envolvimento comunitário nas ações do CEPAJ;
- Promover o protagonismo comunitário para a busca de direitos e equipamentos sociais;
- Optar pelo desenvolvimento metodológico de atividades grupais;
- Ao desenvolver um procedimento metodológico interventivo e ou individualizado, este deverá ser referência também para a graduação e pós-graduação;
- Atuar de forma preventiva na violação de direitos;
- Todas as atividades e ações primam pela interdisciplinaridade;
- Todos os procedimentos e metodologias tem vistas a inserção social;
O
maior desafio do CEPAJ, enquanto espaço extensionista da PUC Goiás, está em
sensibilizar e apontar para a sociedade civil organizada e poder público,
produção de conhecimento e metodologias de atendimento (IDF, 2008), que tem em
sua grande temática a área da infância. Para isso, o CEPAJ acumula experiência
que o destaca como referência na
promoção de direitos de crianças e adolescentes em situação de violação de
direitos (violência física, sexual e negligência) com o intuito de
estimular o desenvolvimento saudável infanto-juvenil em suas famílias e em sua
comunidade.
Para
afirmar a concepção de extensão como processo acadêmico, de acordo com o
Projeto Pedagógico do IDF (2008) e do Plano de Desenvolvimento Institucional
(PDI, 2012) da PUC Goiás, o CEPAJ se orientará por meio das seguintes linhas de
atuação junto à comunidade externa:
- Atuação social-comunitária
- Atuação familiar
De acordo
com estas linhas de atuação, o CEPAJ desenvolve atividades com as
características abaixo:
- Grupos homogêneos (ex.: grupos de crianças e adolescentes, mães, multifamiliar);
- Grupos psicoeducativos;
- Atendimento interventivo/psicoterapêutico com familiares no cuidado e promoção de direitos de crianças e adolescentes;
- Ser referência junto ao poder público na promoção de direitos na temática da infância, adolescência e família.
Enfatizamos
que todas as atividades estão
centradas na família, ou seja, o atendimento tem como base a matricialidade
sociofamiliar (centralidade na família),
pois busca-se nos atendimentos o envolvimento familiar como norteador do nosso
trabalho. Cada ação na sua especificidade é acompanhada por multiprofissionais,
tais como: educadores, psicólogos, pedagogos, fonoaudiólogos, assistente
sociais, bem como profissionais da área da saúde, jurídicos e estagiários
correlatos á essas áreas. Com isso atende-se ao requisito da
interdisciplinaridade.
As atividades
de natureza sócio-comunitária destacam-se por serem abertas á uma demanda
espontânea da comunidade (crianças, adolescentes e suas famílias que aqui
chegam de forma espontânea), com o propósito de apresentar a promoção de
direitos, e o protagonismo infanto-juvenil e comunitário. Para estas atividades
destacamos: Acolhimento, Palestras e oficinas, Grupos Psicoeducativos, como:
Grupo de Crianças, Grupo de Mães, Grupo de Adolescente, Grupo Multifamiliar;
Oficinas de comunicação (atendimento fonoaudiológico), Avaliação
psiconeurológica, Empréstimo de livro, Inclusão digital (sala de
conectividade), Encaminhamento social, Acompanhamento de caso, Estudo de caso,
Avaliação socioeconômica e Mapeamento e acompanhamento dos equipamentos
sociais, Consultoria e Assessoria ao poder público.
Ainda nas atividades sócio-comunitárias o CEPAJ tem
uma atuação de parceria com a rede de atenção integral á crianças, adolescentes
e suas famílias, de forma que estabelece junto aos equipamentos sociais
públicos: acompanhamento, parceria, sensibilização, fortalecimento, apoio,
assessoria e capacitação. Como forma de fortalecer a atuação da rede intra e
intersetorial de cuidado e proteção social infanto-juvenil, bem como
disponibilizar para estas organizações estatais atividades
psicossociopedagógico destacando-se pela excelência na temática
infanto-juvenil, com foco na promoção de direitos e no protagonismo de crianças
e adolescentes.
Para os atendimentos de natureza familiar
destacaremos: Orientação e apoio sócio familiar - OASF, Atendimento
psicoterapêutico e Visitas domiciliares e institucionais. Estes atendimentos
são oferecidos á criança, ao adolescente e sua família, sempre que as mesmas
forem encaminhadas/referenciadas do Ministério Público, Poder Judiciário,
Delegacia de Proteção a Infância e Adolescência, Conselho Tutelar, Hospital
Materno Infantil, CREAS, CRAS, PSFs, PETIs, CAPSi, Creches e Escolas. Este
atendimento tem como finalidade, a promoção de direitos e a reestruturação
familiar para uma vida saudável.
No
que diz respeito á comunidade interna (docentes e discentes), o CEPAJ, por meio
do Instituto Dom Fernando, atua da seguinte forma: sensibiliza diretores de
departamentos com o intuito de disponibilizar carga horária de professores para
a extensão, apresenta o campo de extensão para professores realizarem suas
pesquisas, apresenta o CEPAJ como campo de estágio obrigatório e voluntario, apresenta-se
em congregações das diversas graduações e pós graduações, desenvolve atividades
psicossociopedagógicas correlatas à grade curricular de diversos cursos,
realiza suas atividades de acordo com o calendário acadêmico e temático da PUC
GO, participa de congressos, seminários,
seleção de projetos em editais públicos e produção de artigos no amplo segmento
acadêmico interinstitucional.
As atividades do CEPAJ são
desenvolvidas com base na característica de um campo extensionista, e que, para
além do atendimento externo á sociedade, atende também a uma demanda acadêmica
de docentes e discentes no que tange ao tripé ensino-pesquisa-extensão. Para
isso as atividades ocorrem de duas formas: atendimento sócio-comunitário
(grupo) e atendimento familiar.
Esclarecemos
que o CEPAJ se apropria de um desenho metodológico (procedimento) para as
atividades de grupo, sendo este: no ato da inscrição a criança que chega, seja
por demanda espontânea, seja por encaminhamento é indicada a participar do
grupo matriz. O grupo matriz, assim nomeado, trate-se de um modelo grupal que
possui as seguintes características:
- Homogêneo
e ou heterogêneo no que tange a faixa etária;
- Heterogêneo
no que tange a gênero;
- Os
encontros ocorrem duas vezes por semana, durante 3 horas por dia, sendo no
período matutino ou vespertino, mas sempre no contra turno escolar;
- Cada
grupo terá no máximo 20 componentes;
- Este
grupo terá como matriz pedagógica (daí nomeado grupo matriz) temas sociais
que se relacionam à promoção de direitos, protagonismo infanto-juvenil e
prevenção de violência. Sendo que, acrescido a esta matriz,
concomitantemente ocorrerão as oficinas integradoras, em que, cada
professor de departamento e técnico realizarão módulos temáticos em áreas
específicas, caracterizando-se assim projetos específicos para o grupo
matriz. Com isso independente da carga horária do professor para o
semestre seguinte, o grupo continuará existindo.
- As
crianças/famílias encaminhadas, para além do grupo matriz, estas receberão
atendimento psicoterapêutico/OASF, com projeto terapêutico específico,
seja com finalidade de laudo ou não.
Este
modelo atende a qualidade extensionista, de diferenciar amplamente, um campo de
extensão de uma clínica e ou laboratório vinculado á departamentos acadêmicos.
Neste caso destaca-se a característica de interdisciplinaridade, bem como,
procedimentos metodológicos interventivos e ou individualizados, que são
referência não só para a graduação e pós-graduação, como também para o poder
público.
De
acordo com sua atuação o CEPAJ destaca-se por desenvolver com a possibilidade de disponibilizar relatórios e laudos em todas as ações/atividades.
Esclarecemos que laudos/relatórios são lidos e orientados por uma equipe
multidisciplinar para então serem emitidos.
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